sábado, 30 de julho de 2011

É POSSÍVEL PROVAR QUE DEUS EXISTE?

Se você perguntar para as pessoas à sua volta se elas acreditam em Deus, muitas dirão que sim. Se novamente a interrogá-las sobre a razão dessa crença, é bastante provável que respondas  que acreditam em Deus por motivações religiosas, ou seja, foram educadas desde crianças a crerem que Deus existe e que criou o mundo e tudo o que há nele; que está escrito na Bíblia etc. Como você pode perceber, a maioria das pessoas fundamenta a sua crença em um dado de fé sem grandes preocupações sobre o conteúdo racional da mesma.
Agora imagine uma situação bastante incomum nos dias de hoje: suponha que você tivesse que justificar a sua crença para uma pessoa de uma cultura totalmente diferente da sua que nunca ouvira falar em Deus e muito menos em Bíblia. Como você faria? Essa situação, bastante rara para nós hoje, era muito comum quando o cristianismo era ainda uma seita minoritária dentro do vasto Império Romano. Para os primeiros cristãos, o grande desafio era explicar a fé em termos racionais (1Pd 3,15) para pessoas de culturas diferentes. Essa pode parecer uma tarefa impossível, mas se você partir do pressuposto de que todo ser humano é racional e é capaz de se convencer através de argumentos, então basta que você seja capaz de convencê-lo a considerar seus argumentos e esclarecer possíveis objeções, para que o mesmo possa considerar que seja razoável acreditar em Deus. Entramos agora em um segundo nível de dificuldade: como é possível construir um argumento suficientemente forte para convencer qualquer ser humano, que faça uso de sua razão, de que Deus existe? Vários filósofos cristãos se dedicaram a essa difícil empreitada, vejamos uma dessas propostas e depois, reflita se ela seria capaz de convencê-lo.
Postado por Marcella

O argumento de Santo Anselmo

Anselmo de Cantuária (1033, Aosta – 1109, Canterbury) também conhecido como santo Anselmo, tornou-se monge beneditino aos 27 anos, no mosteiro de Bec, do qual viria a se tornar abade em 1078. Atendendo ao pedido de seus irmãos monges que queriam algo além das Sagradas Escrituras que lhes falassem diretamente à razão, Anselmo escreve em 1077 o Monólogo em que busca explicar a existência de Deus a partir do próprio encadeamento lógico da razão. O sucesso de sua obra foi enorme, mas o próprio Anselmo não ficou muito satisfeito e, anos mais tarde, resolve tornar sua argumentação ainda mais clara e simples. Escreve provas adequadas sobre a existência de Deus. Eis o argumento de Anselmo:
Então, ó Senhor, tu que nos concedeste a razão em defesa da fé, faze com que eu conheça, até quanto me é possível, que tu existes assim como acreditamos, e que és aquilo que acreditamos. Cremos, pois, com firmeza, que tu és um ser do qual não é possível pensar nada maior. Ou será que um ser assim não existe porque “o insipiente disse, em seu coração: Deus não existe”? Porém, o insipiente, quando eu digo: “o ser do qual não se pode pensar nada maior”, ouve o que digo e o compreende. Ora, aquilo que ele compreende se encontra em sua inteligência, ainda que possa não compreender que existe realmente. Na verdade, ter a idéia de um objeto qualquer na inteligência e compreender que existe realmente, são coisas distintas. Um pintor, por exemplo, ao imaginar a obra que vai fazer, sem dúvida, a possui em sua inteligência; porém, nada compreende da existência, porque já a executou. O insipiente há de convir igualmente que existe na sua inteligência “o ser do qual não se pode pensar nada maior”, porque ouve e compreende essa frase; e tudo aquilo que se compreende encontra-se na inteligência. Mas “o ser do qual não é possível pensar nada maior” não pode existir somente na inteligência. Se, pois, existisse apenas na inteligência, poder-se-ia pensar que há outro  ser existente também na realidade; e que seria maior.
Se, portanto, “o ser do qual não é possível pensar nada maior” existisse somente na inteligência, este mesmo ser, do qual não se pode pensar nada maior, tornar-se-ia o ser do qual é possível, ao contrario, pensar algo maior: o que, certamente, é absurdo. Logo, “o ser do qual não se pode pensar nada maior” existe, sem dúvida, na inteligência e na realidade. (SANTO ANSELMO. Proslógio. São Paulo: Abril Cultural, 1979, PP. 101-102).
Postado por Marcella

Para refletir

Você compreendeu o argumento de Anselmo? É realmente uma prova irrefutável da existência de Deus? Ainda não está convencido? Que tal seguirmos agora o argumento passo a passo?
Imagine que existe uma pessoa descrente que pensa que Deus não existe.
1-Agora, ao invés de falar para ela pensar em Deus, eu peça para ela pensar no “ser do qual não se pode pensar nada maior”. Se ela tiver dificuldade, peça para ela pensar em uma coisa grande como uma baleia, do que tudo que ela possa imaginar.
2-Se ela conseguiu pensar sobre isso, é sinal que ela ouve e entende o que você disse, portanto, tem essa frase guardada em sua inteligência. Mas isso não prova que esse ser “do qual não se pode pensar nada maior” existe ou não, por enquanto, só conseguimos provar que o insipiente o tem em sua mente.
3-Resta provar que isso que o insipiente tem em sua mente também existe na realidade.
4-Ora, se o “o ser do qual não é possível pensar nada maior” existisse somente na inteligência, então poderia pensar em outro ser que existe também na realidade e esse, por sua vez, seria realmente maior, pois existe na inteligência e também na realidade. Por exemplo, se eu pensasse em uma estrela que fosse 10 vezes mais brilhante que o Sol e soubesse que existem corpos celestes que emitem mais luz que bilhões de estrelas, então esse objeto realmente existente seria o objeto do qual não se pode pensar nada maior e não o que eu tinha pensado inicialmente.
5-Portanto, se “o ser do qual não se é possível pensar nada maior” só existisse na inteligência, ele não seria realmente maior, o que é uma contradição, pois nada pode ser maior do que aquilo do qual não é possível pensar nada maior.
6-Disso tudo conclui-se que “o ser do qual não é possível pensar nada maior” existe na inteligência e na realidade.


Sugestão de filme

                          Sinopse:

Deus existe? Será a ciência capaz de comprovar sua existência ou trazer mais razões para a dúvida? Doug Holloway (David de Vos) é um homem de família à beira da ruína financeira e matrimonial quando embarca numa jornada ao encontro de seu pai biológico, o Dr. Eugene Holland (Victor Lundin), cuja meta é nada menos que a maior descoberta a ser feita pela física moderna, a comprovação da Teoria de Tudo, que poderia provar a existência de Deus. Seu maior desafio é alcançar sua meta antes de ser privado de sua capacidade de raciocínio por causa de uma doença cerebral degenerativa. Na luta por seus objetivos, pai e filho unem forças para fortalecer a família e buscar esperanças em Deus. Uma história comovente sobre família, fé e física teórica. A Teoria de Tudo o inspirará a considerar as possibilidades.

Postado por Marcella 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Perfeição



Há alguns milênios o homem tem buscado a perfeição. No entanto, ela tende cada vez mais se distanciar da capacidade de apreender dos humanos, mas ela nos serve como um “guia” para a melhora continua dos bons representantes da espécie humana.
Hoje, contrariamente ao que venho entendo por perfeição, pude ver que ela é ainda a melhor das palavras para descrever os espetáculos do Cirque Du Soleil. Não sou um poeta, o qual sim sabe usar das artes das palavras para descrever acontecimentos tão grandiosos quanto esse. Mas esses espetáculos me fizeram tentar nas efemeridades das palavras descrever o que senti vendo o Cirque Du Soleil.
            A saga da perfeição esteve nua, desvelada sob milhares de olhares ávidos diante de tanta beleza. Nossa espécie, através de seus representantes da arte colocaram a perfeição no plano sensível. Mesmo com a lógica denominando que o ser humano não é perfeito e logo a perfeição não poderia ser alcançada por nós, ainda assim, contrariamente a lógica “fria”, entendo que, ao provirmos de “um Ser Perfeito”, creio que em algum dado momento fazemos parte dessa perfeição, perfeição essa que em poucos e raríssimos momentos pessoas de almas iluminadas a desvelam-na para que outros “pobres mortais” possam contemplá-la.
Nesse espetáculo pude testemunhar algo que os filósofos denominam como “universal”. Palavras que não possuem existência, como humanidade, sociedade, e claro a perfeição. Mas contrariamente ao que até então entendia por perfeição, meus instintos me dizem, sim! Ela existe. Pude ver que através de muito trabalho e dedicação, que alguns poucos e bons representantes da nossa espécie pode muito bem trazê-la para o mundo sensível.
 Por isso, contrariamente ao que diria Platão,em sua obra A República, precisamente no livro X, que entende que uma imagem perfeita é uma cópia da idéia inteligível da perfeição pura, e sendo uma cópia, não é a própria perfeição. Logo, o despertar de sentimentos pela arte, segundo Platão, não é digno do homem ideal para a república. Gostaria que Platão pudesse ver esses os grandiosos espetáculos do Cirque du Soleil, que para mim é a própria perfeição transvestida na arte, e ver se ele ainda sustentaria essa sua afirmação.


Marcio Aparecido da Silva